Alberte Pagán: Granell na súa vixencia


Alberte Pagán, comisario da sección do (S8) 1ª edición Outros formatos do cinema en Galicia. Eugenio Granell, colabora no noso blogue e achéganos con este artigo á interesante obra cinematográfica do artista surrealista.

Vigência de Granell
Alberte Pagán

Aló polo ano 2003, quando as películas de Eugenio Granell viam a luz pública por vez primeira, escrevia eu: “Despois do descobrimento público destas breves películas de Granell temos a obriga de, se se nos permite a afirmaçom, reescrever a história do cinema galego. As películas de Granell venhem a encher um oco no raquítico cinema pátrio, constituindo-se nas primeiras e únicas cintas experimentais da sua história”.
Moito cambiárom as cousas nestes sete anos: o cinema pátrio, já nom tam raquítico, começou a agromar e lhe auguramos um crecimento robusto; e as películas de Granell passárom de ser desconhecidas a formar parte nom só do cánon do cinema galego senom mesmo do espanhol (a inclusom de Lluvia no ciclo Del éxtasis al arrebato. Un recorrido por el cine experimental español assi o confirma), o que nom deixa de provocar umha grande satisfacçom nos que apostamos no seu momento polo seu valor artístico.
Daquela nom podíamos deixar de insistir no carácter póstumo, quiçá provisional e talvez inacabado destas seis peliculinhas. Hoje em dia ja podemos falar delas e analisá-las como obras completas e independentes (independentes das suas circunstáncias criativas, independentes da vontade do seu autor). Se bem é certo que nos anos sessenta nom pudérom deixar nengumha pegada, nem no New York no que fórom realizadas nem na Galiza das suas origes, devido ao seu óbvio carácter inédito, tamém o é que, vistas hoje, som obras que, ainda que derivam de tácticas anteriores, antecipam estratégias que serám moeda da cámbio no cinema posterior. O feito de ser pioneiras pode nom ter importância na historiografia internacional, mas si nos serve para demostrar a inteligência artística de Granell. Em quanto à sua posiçom dentro do cinema galego: o feito de que as primeiras projecçons tiveram lugar na Galiza (na exposiçom inaugural de 2003, no Congresso Interdisciplinar de 2006), por moito que foram criadas no exílio, garante-lhes um lugar ineludível na história do nosso cinema.
O interesse de Granell polo cinema vém de velho. O pintor inclue a Fred Astaire num quadro de 1946; tem escrito algumha crítica cinematográfica que se centra na relaçom entre pintura e cinema; conservam-se uns quantos guions surrealistas com descriçons dos planos, diálogos e debuxos preparatórios; e por suposto temos as suas películas. Destas, tres som abstractas: duas delas estám pintadas directamente sobre a tira de celuloide (Invierno e Dibujo)

e aoutra utiliza a técnica inversa ao criar as images rascando a emulsiom fotográfica (Lluvia);

outras tres som películas fotografadas: Película hecha en casa con pelota y muñeca é umha narraçom surrealista que tem muito que ver cos seus guions e coa sua literatura; as outras duas quiçá sejam as mais cinematográficas, as que utilizam técnicas próprias do cinematógrafo e nom prestadas doutras artes como podem ser a pintura ou a literatura: Middlebury usa consistentemente a superposiçom como recurso estilístico


mentres Trompos consta dumha série de planos cenitais de buxainas (regaladas por Marcel Duchamp) bailando no límite do enquadre, entre o campo e o fora de campo.

Todas estas obras fórom realizadas entre 1960 e 1962. A partir dessa data abandonou a criaçom cinematográfica, intuimos que polas dificuldades técnicas de levar a cabo os seus elaborados guions. Mas foi um abandono parcial: as cinco horas de filmaçons familiares que se conservam estám datadas entre 1960 e 1980.


E entre as images familiares, as viages e os momentos poéticos topamos umha breve bobina de meio minuto de duraçom, titulada Casa e datada em 1963, que constitue o derradeiro intento granelliano de criar umha peça cinematográfica. Similar a Trompos na sua singeleza e humildade, consta de tres tomas interiores, em branco e negro e mudas. Na primeira vemos umhas pilhas de livros sobre um escritório, o pé dumha lámpada ao fundo e a luz do sol iluminando-os desde a esquerda (nesse bordo adivinhamos a máquina do seguinto plano). A segunda, cum enquadre mais curto, mostra umha máquina de escrever cum fólio escrito no rolo e fume de tabaco ascendendo em primeiro plano (à direita ve-se um fragmento da mesa do plano anterior). E a terceira mostra-nos umha parede da que penduram sete fotos e pinturas emarcadas. A cámara, ausente o trípode, treme levemente. O ascetismo da bobina, o espaço interior e a ausência da figura humana antecipam o cinema de Peter Gidal.
Com estes tres planos Granell reflicte o seu espaço doméstico e criativo: a leitura, a escritura e a pintura. Tres pinceladas mínimas que sugirem toda umha vida.